Denúncias de discriminação contra brasileiros na
Universidade de Coimbra, em Portugal, vêm ganhando visibilidade na internet,
depois que vários estudantes começaram a publicar fotos com cartazes nos quais
relatam situações constrangimento e preconceito. A mobilização faz parte de uma
série de ações lideradas pelo grupo de estudantes “Lista R - Reset à AAC”, que
também combate outras formas de discriminação vivenciadas no ambiente
universitário, como racismo, homofobia e machismo.
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Alguns dos absurdos ouvidos por estudantes brasileiros na Universidade de Coimbra |
As imagens, que começaram a circular no final do ano
passado, mostram cartazes com frases como “os brasileiros e os pretos deviam
todos morrer”, encontrada originalmente numa carteira da Faculdade de Letras, e
"as alunas brasileiras precisam cuidar o comportamento, caso contrário,
reforçarão o estereótipo de prostitutas, putas e fáceis", que teria sido
dita por uma professora.
O grupo Lista R é uma espécie de chapa candidata ao comando
da Associação Acadêmica de Coimbra, entidade equivalente aos diretórios
centrais de estudantes no Brasil. Eles perderam a eleição, no fim do ano
passado, mas as ideias difundidas por eles, de combate ao preconceito,
continuaram a se propagar pelas redes sociais.
No site do grupo, é possível conferir o programa deles
no que diz respeito à discriminação. O texto questiona: “Orgulhamo-nos da nossa
internacionalização, mas saberemos realmente receber e incluir? A discriminação
por origem étnica é um problema real dentro da universidade, que parece estar
dissimulado nas malhas da boa aparência. Pouco é feito no que toca à integração
das multi-culturalidades, o que leva a uma alienação e a um acréscimo do
preconceito.”
Representantes da Lista, procurados pelo GLOBO via Facebook,
se disseram impressionados com o alcance da campanha. Entretanto, eles
informaram que só darão entrevistas após uma reunião marcada para este fim de
semana.
Universidade nega acusação de xenofobia
Por meio de nota, a Universidade de Coimbra informou que,
num universo de mais de 30.000 pessoas como o da instituição, há sempre
discordâncias e desentendimentos pontuais, provocados pelas razões mais
diversas, e que nada disso pode ser confundido com xenofobia. “Refutamos
categoricamente a acusação de que haja um ambiente de xenofobia na Universidade
de Coimbra. Em qualquer caso, se viermos a ter conhecimento de alguma situação
de discriminação efetiva em função da nacionalidade, atuaremos com
determinação, nomeadamente através de ação disciplinar.”
A universidade também informou que estudantes foram ouvidos,
mas não apresentaram nenhuma queixa concreta contra ninguém. “Apesar de se ter
apurado que algumas das afirmações que faziam eram falsas, empreenderam-se
diligências diversas para saber se algum episódio concreto de xenofobia teria
acontecido. Nada se detectou. Apesar disso, tomaram-se iniciativas construtivas
e pedagógicas para combater e dissuadir atitudes xenófobas.”
A instituição também informou ter mais de 4 mil estudantes
estrangeiros, de mais de 90 nacionalidades, e destacou que estudantes que se
sintam vítimas de qualquer discriminação podem recorrer a profissionais e
órgãos da universidade.
Adaptado de O Globo
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