O ano de 2012 provavelmente ficará na história como um
período de eventos climáticos extremos, tendência que tem se mantido nas
primeiras semanas de 2013.
A China vem enfrentando o pior inverno dos últimos 30 anos;
a Austrália sofre com queimadas por todo o país e teve nos quatro últimos meses
de 2012 os mais quentes da sua história; o Paquistão foi inundado por enchentes
inesperadas em setembro; o Brasil teve uma de suas primaveras mais quentes e,
nos EUA, o último ano teve a temperatura média mais alta na parte continental.
Vinte centímetros de neve caíram nesta semana em Jerusalém,
cobrindo as ruas e até as palmeiras; tempestade foi a pior em 20 anos
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"Todo ano temos tempo extremo, mas é estranho ter
tantos eventos extremos ao redor do mundo de uma só vez", disse Omar
Baddour, da Organização Meteorológica Mundial.
No Brasil, ainda não há dados consolidados sobre a
temperatura média do ano passado, mas, para Jose Marengo, pesquisador do Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), os dados até agora apontam uma
situação parecida com a dos EUA. "Em 2012, especialmente a partir de
setembro, batemos recordes de temperatura."
No âmbito mundial, as temperaturas foram altas também.
Estimativas da Organização Meteorológica Mundial mostram que, entre janeiro e
outubro de 2012, a temperatura média foi cerca de 0,5º C acima da média do
mesmo período entre 1961 e 1990, o que deve levar o ano passado a ser o oitavo
ou nono mais quente desde 1850.
Árvore após incêndio florestal que atinge parte da
Austrália,
que vive uma forte onda de calor
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Poderia ter sido pior, mas o ano começou com a presença do
fenômeno climático La Niña, que provoca um resfriamento anormal no oceano
Pacífico tropical. A média de temperatura registrada nos três primeiros meses
do ano foi a menor desde 1997.
Marengo destaca a onda de calor que atingiu o Sudeste e o
Centro-Oeste do Brasil entre 28 e 31 de outubro como um dos evento mais
surpreendentes de 2012. A temperatura na capital paulista chegou a 36,6º C no
dia 30. "Essas temperaturas não são esperadas na primavera."
No plano mundial, segundo o pesquisador, o efeito do furacão
Sandy sobre a cidade de Nova York no fim de outubro foi bastante marcante.
"Em um país que está tão preparado para as mudanças
climáticas, com sistemas de alarmes e abrigos, o furacão parou sua cidade mais
importante. Isso mostra que ninguém está preparado para um evento
extremo."
AQUECIMENTO GLOBAL
Para Baddour, o aumento da frequência dos eventos extremos é
um sinal de que a mudança climática não virá só na forma de aumento das
temperaturas e sim como anomalias intensas e desagradáveis.
Mas, segundo Marengo, é difícil dizer qual é o peso da
atividade humana nesses acontecimentos.
"O que é possível dizer hoje é que existe um componente
humano nos eventos climáticos. O que não foi demonstrado ainda é o tamanho
desse impacto".
Para este ano, o pesquisador espera anomalias de temperatura
nos chamados meses de intervalo, como maio e outubro. "No ano passado
tivemos um maio muito frio e uma onda incrível de calor em outubro."
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