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terça-feira, janeiro 31, 2012

Bem mais que "apenas" futebol ... Pesos e Medidas 2


Retomando o tema do Futebol enquanto retrato concentração ecônomica brasileira, aproveito para reproduzir aqui no Blog dois posts que o Rica Perrone colocou em seu Blog na última semana.

Espero que curtam! 


Originalmente postado por Rica Perrone em 23 de janeiro de 2012




Você já se perguntou ou discutiu num bar: “Qual é o melhor estadual do Brasil?”.  Independente do gosto por formatos, clubes ou estádios, a única coisa que pode ser medida sem paixão é o valor dos elencos e, portanto, dos envolvidos em cada estadual.

A Pluri Consultoria fez um levantamento especial e divulga primeiro aqui, no blog do RicaPerrone, o resultado entre os 4 maiores estaduais do país.
Antes de descobrir qual a ordem dos primeiros colocados, interessante lembrar que os demais foram:

5º – Paranaense (194,6 milhões)
6º – Baiano (138,5 milhões)
7º –  Pernambucano (124 milhões)
8º –  Catarinense (116 milhões)
9º –  Goiano (106 milhões)
10º –  Cearense (84,3 milhões)

Antes de apresentar os números, quatro questões básicas:
- Como se chega a este valor?

Com a soma do valor de mercado de cada um dos clubes participantes do campeonato.
- Como se avalia um  clube?

Com a soma do valor de mercado aproximado dos jogadores do elenco de cada clube.
- Quem disse isso?

A Pluri Consultoria, empresa brasileira que está se especializando em levantamentos desse tipo no futebol.

- Isso quer dizer que um campeonato é melhor que o outro?
Não. Isso quer dizer quais são os campeonatos que reunem mais jogadores valiosos no mercado.

Para que você entenda a tabela abaixo, basta saber que:
- O valor está em milhões de reais.
- Abaixo separamos apenas os grandes
- O quanto do valor total estes grandes representam
- O valor individual de cada clube grande


O que há para ser notado?
- O baixo valor de mercado do elenco do Palmeiras
- O quanto Neymar e Ganso fazem o Santos destoar
- Que São Paulo tem “os melhores pequenos”do país
- Cariocas, Mineiros e Gauchos tem “pequenos” semelhantes
- Os jogadores de maior “grife” estão no Rio. Mas notem que não há mais valor de mercado para Deco, Ronaldinho, entre outros mais velhos.
- Os números não tem relação com a questão técnica do jogo. Dizem respeito apenas a mercado.

Originalmente postado por Rica Perrone em 31 de janeiro de 2012

Torcedor nordestino, acho razoável sugerir que você comece a ser tratado com verdade e não com piedade.  Acho insuportável a mania de alguns em achar que o restante do Brasil os odeia ou os menospreza. Mas entendo que haja algum motivo pra isso, mesmo sem conseguir ver tão bem quanto vocês.
O futebol do norte/nordeste é alvo de grande discussão todo santo dia. Se não por algum grupo de torcedores exigindo mídia, se dizendo menosprezado, então por outro grupo fazendo campanha contra os que torcem pra times “do eixo”.
Seja lá qual for seu caso, acho mais importante tratar o assunto com fatos e números, não com paixão.
O futebol do nordeste não tem, hoje, a menor possibilidade de estar entre os grandes do país. Quando cito os grandes me refiro aos 12 maiores, com SP, RJ, MG e RS.  O que não torna Bahia, Vitória, Ceará, Sport, Santa Cruz e Náutico pequenos, note. Há um meio-termo entre o gigante e o nanico.
Mas aí você vai tentar discutir baseado em títulos, índice de público no estádio e outras centenas de bobagens que não fazem o menor sentido quando o debate se torna prático. O estudo da Pluri Consultoria desta semana acaba com boa parte da polêmica.
Neste post  levantamos os dados e o valor de mercado (elenco) dos times do “eixo”, como adoram dizer. Chegamos a números interessantes, como por exemplo a média de 170 milhões de reais ( já considerando a chegada de Vagner Love) por elenco dos 12 grandes. Sendo que esta média não considera a importância do jogador mas sim seu valor. Ou seja, Deco, mais velho, não faz grande peso no valor de elenco do Flu.

Confira o estudo da Pluri para as próximas considerações:




Vamos focar em 8 clubes, não nos 25.   A soma dos elencos dá 255 milhões, aproximadamente.  A conclusão é bem simples:
Tirando os medalhões que valem pelo espetáculo, grife e marketing mas não tem valor de revenda tão consideravel, casos de Deco, Ronaldinho, Abreu, Felipe, Juninho, Rogério Ceni, entre outros tantos, a soma dos 8 maiores clubes do nordeste é menor que o valor do time do Santos e pouco maior do que a média de cada time grande do país.
O Palmeiras, pior avaliado entre os 12 neste momento, tem o dobro do melhor avaliado do norte/nordeste.
Isso deve dizer alguma coisa, mesmo que o mais fanático torcedor não queira entender. E aí você me perguntará porque isso, se tem a ver com preconceito, etc, etc.
A questão não diz respeito a clubes, forma de administrar, nada disso. Como ressaltei acima, este valor é bem maior para os grandes se considerarmos quanto vale o que tem em campo, não apenas o seu valor de revenda, já que a idade anula este quesito.
O que está na hora de ser dito é que a chance disso mudar a médio prazo não é boa.  E não é fácil dizer isso sabendo que você atingirá milhões de torcedores que juram torcer por um clube que a qualquer momento vai a Tóquio, mas não vai.
Podemos exemplificar isso facilmente com o valor do PIB de cada região.
A região nordeste tem um PIB per capita de R$ 8.167,00, com 9 estados. A região Sul, com 3, tem 18.257,79.
A soma das regiões norte e nordeste, que tem 16 estados, não é maior que a região sul.  E isso é um número levantado pelo IBGE, não pelo Blog ou pela cabeça do blogueiro, ok?
Para base de comparação, o Sudeste tem R$ 21.182,68.
Você, teimoso, pode ainda insistir em achar que isso não tem importância. Mas tem.
Como disse outro dia, o futebol não é mais um esporte amador sustentado por 1 milhão de reais ao ano, como na era Bobô, entre outros. Hoje, menos amador, com cerca de 200 milhões por ano de receita estimada para um competitivo grande clube, acabou a possibilidade de igualar tudo no talento, na técnica e na sorte de ter um craque.
A realidade hoje é de um segundo escalão sendo muito bacana e  colocando os 12 no mesmo saco. Se houver uma separação mais criteriosa, capaz de alguns dos grandes estarem num “segundo escalão” e ainda jogarem os citados aqui para um terceiro. Mas sejamos mais razoáveis.
A questão, meus caros, é que todos os números apontam para uma conclusão lógica, não bairrista ou preconceituosa, como muitos acusam.
O futebol se tornou algo altamente caro. E tudo que é muito caro se centraliza nas capitais onde o poder aquisitivo é maior. Não a toa, infelizmente, na medida em que os valores subiram o futebol do norte/nordeste não acompanhou.
E em pouco tempo, infelizmente, não acompanhará.
Se ao invés de ler isso preferir o tratamento de “pena” que muitos dão, é direito seu.
Mas é fato que, hoje, se quiser disputar algo de grande porte, se quiser ser protagonista, terá que estar do lado daquela faixa nojenta e preconceituosa que diz: “vergonha do nordeste” pra torcedores de times BRASILEIROS maiores que os locais.

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