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quarta-feira, julho 03, 2013

APENAS FUTEBOL - LEPROSOS X CANALHAS

No Brasil alguns apelidos inicialmente colocados por torcedores rivais de forma pejorativa na pura intenção de encarnar nos adversários acabaram sendo adotados como marcas registradas e usados orgulhosamente por aqueles que antes eram ofendidos. Bacalhau, Porco e Urubu são alguns dos exemplos.

Na Argentina, temos um exemplo bem peculiar... 

Vocês já conhecem o clássico LEPROSOS X CANALHAS ?


O futebol argentino vai muito além de Boca Juniors e River Plate. Há quem diga até que a província de Santa Fé abriga um clássico mais intenso que a disputa entre os dois gigantes da capital portenha. Comparações à parte, Rosario Central x Newell’s Old Boys é mais um derby recheado de paixão e histórias incríveis. Uma saga insuflada por um lamentável caso de insensibilidade e sedimentada por mais de um século de enfrentamentos.

Che Guevara e Lionel Messi. Torcedores ilustres de Rosario e NUB

O primeiro “Clásico Rosarino” ocorreu em 18 de junho de 1905 com uma vitória do Newell’s por 1 a 0 – gol de Faustino González. A semente da maior rivalidade do interior da Argentina estava plantada, mas não semeada. Somente no início da década de 20 é que essa história começaria a ganhar contornos mais dramáticos por conta de um amistoso que não ocorreu. O jogo teria sua renda revertida em prol de um hospital de tratamento de pacientes com hanseníase da cidade de Rosário, capital de Santa Fé. Mas como dito, a partida não foi realizada, pois o Central negou-se a participar sem quaisquer justificativas. E a partir da insensata recusa, jorraram insultos de lado a lado. Torcedores do Newell’s passaram a chamar os rivais de canalhas e os aficionados pelo Rosário respondiam classificando os rubro-negros como bando de leprosos.

Curiosa faixa da torcida do Newell´s com a frase: SE MORRO QUE SEJA DE LEPRA
Curiosamente, pouco tempo depois, as duas torcidas começaram a adotar orgulhosamente as alcunhas pejorativas. O Rosario Central já chegou até a estampar em sua camisa a frase “yo soy canalla” enquanto o NUB utiliza em várias peças publicitárias e no seu site oficial a expressão “leproso”.


domingo, junho 30, 2013

Entrevista com Manuel Castells: ‘O povo não vai se cansar de protestar’

Originalmente publicada no O GLOBO.

Para o sociólogo catalão Manuel Castells, boa parte dos políticos é de “burocratas preguiçosos”. Ele é um dos pensadores mais influentes do mundo, com suas análises sobre os efeitos da tecnologia na economia, na cultura e, principalmente, no ativismo. Conhecido por sua língua afiada, o espanhol falou ao GLOBO por e-mail sobre os protestos.



Os protestos no Brasil não tinham líderes. Isso é uma qualidade ou um defeito?

Claro que é uma qualidade. Não há cabeças para serem cortadas. Assim, as redes se espalham e alcançam novos espaços na internet e nas ruas. Não se trata, apenas, de redes na internet, mas redes presenciais.

Como conseguir interlocução com as instituições sem líderes?

Eles apresentam suas demandas no espaço público, e cabe às instituições estabelecer o diálogo. Uma comissão pode até ser eleita para encontrar o presidente, mas não líderes.

Como explicar os protestos?

É um movimento contra a corrupção e a arrogância dos políticos, em defesa da dignidade e dos direitos humanos — aí incluído o transporte. Os movimentos recentes colocam a dignidade e a democracia como meta, mais do que o combate à pobreza. É um protesto democrático e moral, como a maioria dos outros recentes.

Por que o senhor disse que os protestos brasileiros são um “ponto de inflexão”?

É a primeira vez que os brasileiros se manifestam fora dos canais tradicionais, como partidos e sindicatos. As pessoas cobram soberania política. É um movimento contra o monopólio do poder por parte de partidos altamente burocratizados. É, ainda, uma manifestação contra o crescimento econômico que não cuida da qualidade de vida nas cidades. No caso, o tema foi o transporte. Eles são contra a ideia do crescimento pelo crescimento, o mantra do neodesenvolvimentismo da América Latina, seja de direita, seja de esquerda. Como o Brasil costuma criar tendências, estamos em um ponto de inflexão não só para ele e o continente. A ideologia do crescimento, como solução para os problemas sociais, foi desmistificada.

O que costuma mover esses protestos?

O ultraje, causado pela desatenção dos políticos e burocratas do governo pelos problemas e desejos de seus cidadãos, que os elegem e pagam seus salários. O principal é que milhares de cidadãos se sentem fortalecidos agora.

O senhor acha que eles podem ter sucesso sem uma pauta bem definida de pedidos?

Acho inacreditável. Além de passarem por uma série de problemas urbanos, ainda se exige que eles façam o trabalho de profissional que deveria ser dos burocratas preguiçosos responsáveis pela bagunça nos serviços. Os cidadãos só apontam os problemas. Resolvê-los é trabalho para os políticos e técnicos pagos por eles para fazê-lo.

Com organização horizontal, esse movimento pode durar?

Vai durar para sempre na internet e na mente da população. E continuará nas ruas até que exigências sejam satisfeitas, enquanto os políticos tentarem ignorar o movimento, na esperança que o povo se canse. Ele não vai se cansar. No máximo, vai mudar a forma de protestar.

Outra característica dos protestos eram bandeiras à esquerda e à direita do espectro político. Como isso é possível?

O espaço público reúne a sociedade em sua diversidade. A direita, a esquerda, os malucos, os sonhadores, os realistas, os ativistas, os piadistas, os revoltados — todo mundo. Anormal seriam legiões em ordem, organizadas por uma única bandeira e lideradas por burocratas partidários. É o caos criativo, não a ordem preestabelecida.

Há uma crise da democracia representativa?

Claro que há. A maior parte dos cidadãos do mundo não se sente representada por seu governo e parlamento. Partidos são universalmente desprezados pela maioria das pessoas. A culpa é dos políticos. Eles acreditam que seus cargos lhes pertencem, esquecendo que são pagos pelo povo. Boa parte, ainda que não a maioria, é corrupta, e as campanhas costumam ser financiadas ilegalmente no mundo inteiro. Democracia não é só votar de quatro em quatro anos nas bases de uma lei eleitoral trapaceira. As eleições viraram um mercado político, e o espaço público só é usado para debate nelas. O desejo de participação não é bem-vindo, e as redes sociais são vistas com desconfiança pelo establishment político.

O senhor vê algo em comum entre os protestos no Brasil e na Turquia?

Sim, a deterioração da qualidade de vida urbana sob o crescimento econômico irrestrito, que não dá atenção à vida dos cidadãos. Especuladores imobiliários e burocratas, normalmente corruptos, são os inimigos nos dois casos.

Protestos convocados pela internet nunca tinham reunido tantas pessoas no Brasil. Qual a diferença entre a convocação que funciona e a que não tem sucesso?


O meio não é a mensagem. Tudo depende do impacto que uma mensagem tem na consciência de muitas pessoas. As mídias sociais só permitem a distribuição viral de qualquer mensagem e o acompanhamento da ação coletiva.

segunda-feira, junho 24, 2013

ADIADO O #VEMPRARUA NO ATUALIDADES

Por tudo que vem acontecendo nas últimas semanas, o ATUALIDADES do dia 27 de Junho mudou de temática.

Infelizmente o encontro marcado para esta quinta do ATUALIDADES #VEMPRARUA que debateria sobre as causas, as características e as possíveis consequências desse momento em que a população foi as ruas para protestar foi adiado.

Estamos vendo uma data melhor junto a coordenação e ao nosso convidado, Milton Temer.

Em breve, mais notícias.


quarta-feira, junho 19, 2013

PEC 37?


Junto ao movimento de ida a rua que vem tomando força nos últimos dias em diversas cidades do Brasil e do mundo surgem também as reivindicações. O estopim foi o aumento na tarifa do ônibus, mas uma série de outras questões fazem parte do grito pelas ruas, a corrupção, a falta de transparência e o absurdo dos investimentos para  Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, a má qualidade da saúde e educação públicas e a PEC37 entre tantos outros.

Espera, você sabe o que é uma PEC? E mais especificamente, a PEC 37? O que muda se ela for aprovada?

PEC é uma sigla que quer dizer Proposta de Emenda à Constituição que na prática nada mais é que uma atualização, um emendo à Constituição Federal. Uma das propostas que exige mais tempo para preparo, elaboração e votação, uma vez que modificará a Constituição Federal que para ser aprovada, requer quórum quase máximo e dois turnos de votação em cada uma das Casas legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal.

A PEC37 (PEC 37/2011) define como competência "privativa" da polícia as investigações criminais ao acrescentar um parágrafo ao artigo 144 da Constituição. O texto passaria a ter a seguinte redação: "A apuração das infrações penais (...) incumbe privativamente às polícias federal e civis dos estados e do Distrito Federal." 

Atualmente a legislação brasileira confere à polícia a tarefa de apurar infrações penais, mas em momento algum afirma que essa atribuição é exclusiva da categoria policial. No caso do Ministério Público, a Constituição não lhe dá explicitamente essa prerrogativa, mas tampouco lhe proíbe. É nesse vácuo da legislação que defensores da PEC 37 tentam agora agir. 

Na prática, se aprovada, a emenda praticamente inviabilizará investigações contra o crime organizado, desvio de verbas, corrupção, abusos cometidos por agentes do Estado e violações de direitos humanos.

Os grandes escândalos sempre foram investigados e denunciados pelo Ministério Público, que atua em defesa da cidadania de forma independente. A PEC 37 atenta contra o regime democrático, a cidadania e o Estado de Direito e pode impedir também que outros órgãos realizem investigações, como a Receita Federal, a COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o TCU (Tribunal de Contas da União), as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), entre outros.

Em todo o mundo, apenas três países vedam a investigação do MP: Quênia, Indonésia e Uganda.


domingo, março 17, 2013

Bem mais que "apenas" Futebol

Comemoração polêmica

AEK e Federação prometem punição a jogador que teria feito gesto nazista

Instituição máxima do futebol grego lembra que Fifa prevê pena máxima de banimento do esporte para meia que comemorou gol com movimento polêmico


Uma polêmica envolveu a vitória do AEK Atenas sobre o Veria, por 2 a 1, no Campeonato Grego. Após marcar o gol que decretou o triunfo do seu time, o meia Giorgos Katidis aparentemente teria comemorado com um gesto de saudação nazista, o que revoltou parte da torcida do próprio time. O clube do jogador emitiu um comunicado oficial em seu site pedindo desculpas pela atitude do seu atleta e afirmou que o Conselho vai decidir, na próxima terça-feira, qual punição será aplicada ao jogador.

A Federação Grega de Futebol também decidiu entrar no caso e convocou uma reunião extraordinária de sua secretaria executiva para a manhã deste domingo. Segundo a nota, a instituição “condena inequívoca e categoricamente” os gestos de Katidis, e cede o seu apoio para que os órgãos que julgam este tipo de caso apliquem a pena com o máximo rigor. O comunicado ainda lembra que, segundo instruções da Fifa, o jogador pode até ser banido do esporte.


Apesar de lamentar o episódio, a HFF assinala que a atitude não foi totalmente inesperada, uma vez que a Grécia tem este tipo de manifestação em outros locais, que não o futebol, e se disse atenta para coibir esse tipo de prática em campos e arquibancadas. No entanto, lembrou que o caso pode e deve ser tratado como crime e investigado pela polícia local.

O episódio aconteceu neste sábado, durante a 26ª rodada do campeonato Grego. O AEK está no meio da tabela da competição, em 10º, com 29 pontos. Já o Veria se encontra em 13º, com apenas dois pontos a menos.

Leia mais sobre o tema na matéria publicana no Opera MundiCom crise e neonazismo, Grécia vive nova diáspora* epopulação encolhe


Confira a nota da Federação Grega na íntegra:

Em reunião extraordinária neste domingo, 17 de março, 2013, a Secretaria Executiva da Federação Grega de Futebol decidiu em resposta à saudação nazista George Katidi o jogo AEK Veria e após análise de todos os dados, por unanimidade, o seguinte:

A energia do jogador para saudar os espectadores de nazistas é brutal e afeta profundamente todas as vítimas das atrocidades nazistas, ferindo o caráter pacífico e profundamente humano do futebol. A Federação condena de forma inequívoca e categoricamente a atitude.

No âmbito dos seus poderes de decidir a exclusão da vida de George Katidi, a Federação Grega de Futebol previu fenômenos análogos e já incluem a proibição desse tipo de ação nos contratos que os jogadores assinam com as equipes.

A HFF está certa também que os órgãos disciplinares competentes devem intervir de forma decisiva e impor as sanções previstas no Código Disciplinar para o crime. Entre as penas mais pesadas ​​no futebol, a Fifa instituiu para tal casos o banimento total do atleta.

Finalmente, a Federação Grega de Futebol tomará todas as medidas necessárias para preservar a natureza pacífica do futebol, e para promover os valores da solidariedade, da cooperação e do respeito que professa.

Refletindo...

Momentos de crise como a que assola a Europa nos últimos anos são terreno fértil para a proliferação de ideias ultranacionalistas, de extrema direita tais como as que alimentam o movimento neonazista. A xenofobia é outro sentimento que é alimentado pela crise econômica muitas vezes incentivado pelo próprio governo  que usa os imigrantes como "bode expiatório"  da situação tentando se eximir de  qualquer tipo de culpa. 


* O termo diáspora (em grego antigo, διασπορά – "dispersão") define o deslocamento, normalmente forçado ou incentivado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada para várias áreas de acolhimento distintas. O termo "diáspora" é usado com muita frequência para fazer referência à dispersão do povo hebreu no mundo antigo, a partir do exílio na Babilônia no século VI a.C. e, especialmente, depois da destruição de Jerusalém em  70 d.C.
Em termos gerais, diáspora pode significar a dispersão de qualquer povo ou etnia pelo mundo. Todavia o termo foi originalmente cunhado para designar à migração e colonização, por parte dos gregos, de diversos locais ao longo da Ásia Menor e Mediterrâneo, de 800 a 600 a.C. Associada ao destino do povo hebreu, a palavra foi utilizada na tradução da Septuaginta (em grego) da Bíblia, onde se inscrevia como uma maldição: "Serás disperso por todos os reinos da terra."

terça-feira, março 12, 2013

Paisagem - A Testemunha

Passeando pelo site da World Press Photo encontrei as fotos do Israelense Amit Sha'al. Baseado em Tel Aviv, Amit, que possuía fotografias em preto e branco de diversos pontos de Israel tiradas entre 1929 e 1979 rodou pelo país buscando localizar o ponto exato onde seus registros haviam sido feitos. Uma vez identificados, descansou o braço em um tripé para que sua mão não se movesse no momento da justaposição das imagens.

O resultado ficou muito legal, em alguns locais, parece que nada mudou, mas em outros, as formas e/ou as funções mudaram e as pessoas em preto e branco, 'plantadas' na realidade atual se destacam na imagem.

As fotos retratam três momentos/universos diferentes: as fotos antigas em preto e branco, as fotos atuais coloridas evidenciando o tempo que se passou entre a captura de ambas as fotos e por fim um aspecto não  visual, mas uma dimensão mental e emocional, preenchido pelo conhecimento que temos do que mudanças dramáticas ter acontecido entre os dois tempos.






Aí, estes dias aparece no FACEBOOK um link da Super Interessante com fotos do vietnamita  Khánh Hmoongque uniu imagens do passado e presente do país usando a mesma técnica do fotógrafo israelense.



    

Isso tudo me deu a ideia de tentar fazer alguma coisa parecida... Olhei e pensei: Moleza! ...
A mais pura ingenuidade da minha parte! Mesmo assim não me intimidei e fui a luta.

O resultado está logo a seguir...

Praia do Flamengo, 200 ao fundo as ruas Paissandu e Barão do Flamengo.

Primeira dificuldade, árvores e postes... Como essas árvores cresceram tanto? São muitos postes!!! 

Antigo cinema Ricamar (década de 70) , Nsa. Sra. de Copacabana em frente 
a rua Fernando Mendes. Atualmente Sala Baden Powell.

Outra grande dificuldade. Para encaixar as fotos antigas nas atuais, é necessário 
ficar mais afastado que na foto original e nem sempre isso é possível. Sendo assim 
resolvi aplicar as fotos antigas no computador mesmo. Ficou legal? 

Av. Lauro Sodré (década de 70) e nos dias atuais. 
Antes e depois da construção do Shopping Rio Sul.

Rua Tonelero, 76, esquina com Marechal Mascarenhas de Morais. 
Casa (1950) onde atualmente funciona o Restaurante Peixe Vivo.

Entrada, por dentro, do Colégio Sacré-Coeur de Marie (déc de 50) e nos dias atuais.

Então? O que acharam do resultado? Dada a falta de experiência, técnica e equipamento acho que ficou bem legal. Vou tentar outras e mostro o resultado aqui...

terça-feira, março 05, 2013

Você sentaria?

IBGE Estados@


O IBGE lançou mais uma ferramenta que agrega simplicidade, facilidade e objetividade. Um ambiente de navegação simples e direta, o canal Estados@ apresenta um amplo universo de informações relativas às 27 unidades da federação. Disponível também nos idiomas inglês e espanhol.

sábado, fevereiro 16, 2013

Vale mais que mil palavras...

O World Press Photo é o principal premio da fotografia mundial. Em sua 56ª edição, premiou o fotógrafo sueco Paul Hansen por imagem que mostra o desespero de um grupo de homens palestinos carregando os corpos de duas crianças na Faixa de Gaza. A foto de Hansen chamou a atenção dos jurados pela forma como o profissional captou a tragédia.


Vale uma vista no site da

Veja algumas fotos premiadas em anos anteriores










sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Uau!!! Grandes "feitos" da humanidade

Impacto Profundo? E a galera dizia UHHH...

Asteroide de 45 m de diâmetro passa 'de raspão' hoje pela Terra


Viajando a 28.100 km/h, um asteroide com 45 metros de diâmetro passa hoje de raspão pela Terra. Em sua aproximação máxima, ele estará mais perto de nós que os satélites usados para telecomunicações. Mas não há risco de colisão. Ufa.


Descoberto no ano passado, o pedregulho batizado de 2012 DA14 é o último --e mais contundente-- dos alertas de que asteroides oferecem risco real ao futuro da civilização (deixando no chinelo crises hipotecárias americanas).

Em seu sobrevoo da Terra, ele passará a apenas 27.680 km da ilha de Sumatra, na Indonésia, às 17h24 (de Brasília). Apesar da proximidade, ele é tão discreto que não poderá ser visto a olho nu.

No Brasil, à luz do dia, nem com a ajuda de instrumentos será possível vê-lo.

Nunca um asteroide desse porte --capaz de causar estragos-- foi monitorado passando tão perto da Terra. Isso dará aos astrônomos uma oportunidade única de estudá-lo.

Para esse fim, o principal instrumento é o radar, que permite um mapeamento de sua superfície durante a fase de maior aproximação do objeto, que tem a largura de meio campo de futebol.

EVENTO TUNGUSKA

Embora asteroides com esse tamanho sejam incapazes de provocar extinção em nível planetário (o bólido que matou os dinossauros 65 milhões de anos atrás tinha cerca de 10 km de diâmetro), o estrago em caso de colisão pode ser grande.

Um exemplo disso foi o episódio ocorrido em Tunguska, na Sibéria, em 1908. Um fenômeno equivalente à detonação de uma arma nuclear na atmosfera provocou uma onda de choque que achatou 2.000 km2 de floresta.

Acredita-se hoje que tenha sido um asteroide de cerca de 60 metros de diâmetro, que nem chegou a colidir com o chão, mas se quebrou no atrito com a atmosfera terrestre.





Ao lado, a possível cratera aberta em Tunguska, Sibéria em 1908



Caso o 2012 DA14 estivesse destinado a trombar com o planeta, faria estrago similar. Se a colisão ocorresse numa região habitada, seria uma catástrofe sem precedentes. Mesmo caindo no oceano, seria um problema.

"Nesse caso, só correr para as montanhas", afirma Cassio Leandro Barbosa, astrônomo da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), em São José dos Campos. Seria a única maneira de fugir do tsunami resultante.

Com sorte, no caso do 2012 DA14, como o objeto foi descoberto há um ano, caso houvesse perigo de colisão, daria para tentar evacuar as regiões ameaçadas. "Mas imagine o caos", diz Barbosa.

Pesquisadores da Nasa estimam que uma colisão desse tipo aconteça em média a cada 1.200 anos. Como a última foi há pouco mais de cem anos, o risco de outra tão já é baixo. Mas não dá para descartar.

O mais interessante, contudo, é que uma aproximação desse tipo, sem pancada, é bem mais comum --uma a cada 40 anos.

Por isso as empresas que ultimamente andaram revelando seus planos de mineração de asteroides ficaram especialmente animadas com essa passagem.
RIQUEZAS

A companhia Deep Space Industries estimou o valor do pedregulho 2012 DA14 em cerca de US$ 195 bilhões, contando metais preciosos e água (que vale pouco na Terra, mas muito no espaço).

O único problema é que esse asteroide em particular está numa trajetória que dificultaria sua "perseguição" por naves mineradoras.

"Embora o visitante desta semana não esteja na direção certa para que o exploremos, haverá outros que estarão, e queremos estar prontos quando eles chegarem", disse, em comunicado, Rick Tumlinson, chefe do conselho da empresa.

E QUAL É DIFERENÇA ENTRE METEORO E METEORITO?




Tirinha - Calvin por Bill Watterson


quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Vento ultrapassa nucleares na China



O governo chinês tem feito grandes investimentos em tecnologia de energia renovável ao longo dos últimos anos. Agora, um grupo de relatórios afirma que a energia eólica gera mais eletricidade do que nuclear. Mais em OilPrice.com:

"De acordo com dados do Wind China Energy Association (CWEA), a capacidade de produção de energia eólica já ultrapassou a energia nuclear tornando-se a terceira maior fonte de eletricidade na China, depois do carvão, e grandes usinas hidrelétricas".

"Em 2012, a geração de energia eólica totalizou 100,4 bilhões de quilowatts/hora, um aumento de 0,5% em relação aos anos anteriores, e suficiente para ultrapassar a geração de energia nuclear no mesmo período."

"Capacidade de produzir energia eólica tem crescido rapidamente nos últimos anos, alimentada por ambiciosas metas de energia renovável, e apoio do governo. Até o final de 2012 a China tinha 60.83 GW de capacidade instalada, e as metas visam um total de 100 GW por o final de 2015. "

Revolução energética já é realidade



Chegam de diferentes partes do mundo sinais cada vez mais evidentes de que os investimentos em fontes limpas e renováveis de energia vão modificando com rapidez surpreendente a configuração da matriz energética. Durante o carnaval, com o Brasil ainda sob o reinado de Momo, a Associação de Energia Eólica da China informou que o vento ultrapassou em importância a energia nuclear naquele país. Segundo o comunicado, em 2012 a geração eólica alcançou a marca de 100 bilhões de quilowatt-hora (Kwh) fazendo com que o vento assumisse a terceira posição no ranking da matriz energética chinesa, atrás do carvão e da hidroeletricidade. O objetivo do governo de Pequim é fazer com que a energia eólica cresça mais de 50% até 2015. 

Enquanto os chineses celebravam o feito, os norte-americanos comemoravam um outro recorde: 2012 entrou para a história como o ano que os Estados Unidos mais investiram em energia eólica. Com o acréscimo de 13,1GW de capacidade instalada na rede (o vento foi a fonte de energia que mais cresceu ano passado naquele país) o país evita a emissão de 96 milhões de toneladas de C02 por ano, ou 1,8% das emissões totais. De acordo com a Associação de Energia Eólica dos Estados Unidos, os aerogeradores já produzem energia suficiente para abastecer 14,7 milhões de lares. E os investimentos prosseguem no embalo do segundo mandato do presidente Barack Obama, que na terça-feira “gorda”, enquanto os foliões se esbaldavam no último dia de carnaval por aqui, renovava seus compromissos em favor de novas fontes de energia no tradicional discurso Estado da União, no Congresso americano. Obama propôs uma nova legislação para reduzir ainda mais as emissões de gases estufa, sugeriu a criação de um fundo que financie o desenvolvimento de novas tecnologias para carros e caminhões, “para que eles deixem de usar petróleo para sempre” e lançou como meta para os próximos vinte anos cortar pela metade o desperdício de energia nas casas e empresas americanas.       

Do outro lado do Oceano Atlântico, no velho continente, os espanhóis iniciaram o ano batendo um novo recorde de produção de energia eólica (em 16/1) com mais de 345 mil MWh em um único dia. De acordo com as autoridades locais, a marca equivale a quase 40% de toda geração de energia no país naquela data, incluindo todas as demais fontes renováveis, nuclear e fósseis. O vento dominou a matriz energética durante mais de dez horas, superando neste período os 14 mil MW. 

Na Austrália, maior exportador mundial de carvão (onde este recurso é abundante), a produção de energia eólica já se tornou mais barata que a gerada por termelétricas a carvão ou gás. Segundo o diretor da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), Michael Liebreich “a energia limpa é um agente de transformação que promete virar de cabeça para baixo a economia dos sistemas de energia”.                

Outro país que também festejou muito os resultados de 2012 foi a Alemanha. No ano passado, o país registrou um aumento de 45% na produção de energia solar, recorde histórico. Graças à instalação de mais 1,3 milhão de sistemas fotovoltaicos, 8 milhões de residências foram abastecidas com energia solar naquele país. O diretor da Associação da Indústria Solar da Alemanha afirmou que os investimentos no setor quadruplicaram nos últimos três anos. Com a produção em escala, o preço das placas fotovoltaicas caiu pela metade. Merece registro o fato de que a Alemanha é um país com muito menos radiação solar do que o Brasil. 

Falando em Brasil, avançamos na expansão da energia eólica em nossa matriz energética (o número de pessoas beneficiadas pela energia do vento no país é de aproximadamente 12 milhões) e no crescimento dos coletores solares para aquecer a água do banho (já são mais de 2,5 milhões de coletores instalados). Mas não há ainda política definida para a produção de energia elétrica a partir do sol. Fala-se abertamente no governo na inclusão das térmicas a óleo, carvão e gás (hoje acionadas apenas em períodos de forte estiagem) na matriz energética. Também se discute a construção de novas usinas nucleares, a exploração do gás de xisto e, por fim, a construção de novas hidrelétricas em áreas de floresta na Amazônia. 

Se temos em nosso favor o privilégio de poder realizar escolhas (na maioria dos países o cardápio de opções energéticas é bem mais restrito que aqui), importa agir com inteligência, visão de longo prazo, e considerar as novas diretrizes que regem os investimentos globaisem energia. Emresumo: fontes fósseis (ainda muito importantes e prevalentes no mundo) perdem progressivamente prestígio e importância (o Brasil do pré-sal é uma das exceções). E pela velocidade com que os países desenvolvidos investem em inovação tecnológica na direção de fontes mais limpas, a “descarbonização” da matriz energética parece ser o norte magnético da bússola. Certo é que as escolhas que o Brasil fizer nos próximos anos serão determinantes para a maior ou menor inteligência de todo o sistema elétrico do país para além do século XXI. 



Bem mais que apenas ... CARNAVAL?

Quarta-feira de cinzas e é festa em Vila Isabel. 

Berço do samba, das calçadas por onde viveu Noel Rosa e hoje estão gravadas suas músicas, desde as 17h canta pelo título do carnaval carioca. Contudo, quando vemos um desfile, não podemos deixar de enxergar ali uma indústria que consome e produz milhões.

É cada vez mais comum vermos grandes corporações como patrocinadoras (as vezes nem tão claras) por traz dessa grande festa, exigindo que os temas sejam trabalhados conforme sua ótica. Fica claro que a expansão do capitalismo monopolista no carnaval não é mais tendência, é uma realidade.

Hoje me deparei com o texto enviado por um colega no Facebook.

Movimentos sociais elogiam samba da Vila Isabel e questionam patrocínio da Basf



Organizações, movimentos sociais e pesquisadores, que integram a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, entregaram anteontem (29) uma carta à vice-presidente da Unidos de Vila Isabel, Elizabeth Aquino. O documento elogia a escola pelo samba enredo “A Vila canta o Brasil celeiro do mundo – água no feijão que chegou mais um”, composto por Rosa Magalhães, Alex Varela e Martinho da Vila, que enaltece a agricultura familiar. A carta também critica o patrocínio da empresa alemã Basf, uma das maiores fabricantes de agrotóxicos do mundo, devido à associação da imagem do grupo com a biodiversidade.


Embora muitos ignorem, o patrocínio é uma ferramenta sem
precedentes  que acaba levando as marcas, e suas práticas, ao
nosso convívio promovendo um consumo indireto das mesmas

Ao entregar a carta, Marcelo Durão, da direção do Movimento dos trabalhadores Sem Terra (MST), afirmou que muito do que a escola está colocando é o reconhecimento da pequena agricultura. Os movimentos, nesse sentido, querem colocar uma faixa da campanha transmitindo solidariedade à escola. O local ainda será definido, e ficou a sugestão da própria sede da agremiação.

“Um agradecimento e reconhecimento da pequena agricultura que a escola está levando para avenida, mas temos um posicionamento crítico que está escrito na carta. Enquanto representante dos movimentos organizados do campo, saúdo o reconhecimento da Vila Isabel da importância do pequeno agricultor para a produção de alimentos. Vamos mandar a frase antes, a nossa ideia é valorizar o reconhecimento que a escola deu para o campesinato. 

Não queremos arrumar nenhum problema para escola”, destacou Durão.

Reconhecendo desde o início a questão da ajuda da Basf, Elizabeth Aquino disse que não há problema mas haverá uma avaliação do conteúdo pois “não é a praia da escola tomar partido”. Ela destacou que em 2008 o enredo da Vila foi “Trabalhadores do Brasil”, e com o destaque da ala dos homens do campo desde então essa temática foi escolhida para entrar na Marquês de Sapucaí.

“Já tinha essa ideia, e com a ajuda do patrocínio da Basf ficou viável. A parte da empresa que está nos ajudando é a do agronegócio mesmo, então todos nós sabemos que são usados agrotóxicos e inseticidas, que pode não fazer algum bem por um lado e por outro tem que haver. Só que nós não temos nada com isso. O carnaval é extremamente competitivo, somente com o repasse da prefeitura nenhuma agremiação faz o carnaval. É preciso buscar outros recursos. Se a Basf é prejudicial, como a Bayer e outras tantas, cabe às autoridades fechá-la. Não vai ser uma escola de samba que vai conseguir isso”, observou.

Animais, espantalhos, natureza, dentre outros elementos que compõem a biodiversidade, serão retratados nas alegorias e fantasias da escola, que apresentará seu enredo no dia 11 de fevereiro. O homem do campo será representado de forma lúdica, sem a imagem dos grandes agricultores e “maquinário agrícola top de linha”, complementou a vice presidente. Segundo ela, de acordo com o regulamento da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) não é permitida a utilização de merchandisign, então não haverá nenhuma menção à Basf durante o desfile. Beth, como é chamada, não quis revelar o valor do apoio, alegando se tratar de uma prerrogativa do presidente.

A empresa, por sua vez, também não informou o valor do patrocínio. Segundo a assessoria, não tiveram “a confirmação de que a Vila Isabel recebeu qualquer carta de um movimento social a respeito da parceria da Basf, por isso não temos o que afirmar a respeito”. Em nota, eles enviaram um posicionamento que destaca, entre outras coisas, que a parceria é mais uma ação que sustenta a estratégia de negócio da Basf.

“Tal iniciativa é parte integrante da estratégia da Unidade de Proteção de Cultivos na América do Sul, cujo foco principal é a valorização do produtor rural e sua atividade, iniciada em 2009 com uma campanha multimídia de valorização da agricultura nacional intitulada ‘O Planeta Faminto e a Agricultura Brasileira’. Desde então, a Basf tem desenvolvido iniciativas que conscientizem a sociedade sobre a importância da agricultura e também sobre o papel do agricultor não somente para a economia do País, mas também para o dia a dia de todos”, informa a nota.

Um dos autores do samba enredo e talvez o músico mais respeitado pela Unidos da Vila Isabel, Martinho da Vila, segundo sua assessora, se incomodou em função da sua militância com o fato de a escola homenagear os agricultores com apoio do agronegócio. Nesse sentido, o cantor propôs acrescentar a expressão “reforma agrária” na letra da música, mas como o tema é polêmico só consentiram em colocar a palavra “partilhar”, informou sua assessora.

Saúde e biodiversidade não combinam com agrotóxico

Em destaque aos casos de cânceres causados pelo consumo e manejo de agrotóxicos, apontados por diversas pesquisas, Sueli Couto, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), lembrou que 40% dos cânceres são passíveis de prevenção. Em sua opinião, é necessário promover a alimentação saudável, que vem da agricultura familiar, responsável pela produção de 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros, de acordo com os dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2006.

“Precisamos usar mais esses canais para promover coisas saudáveis. As pessoas precisam entender que os alimentos não vêm do supermercado, porque principalmente as crianças acham que o alimento está empacotado. Precisamos valorizar esse homem que não tem feriado, e de sol a sol ele vai colocar nossa comida na mesa. Os urbanos não reconhecem isso. E é importante que a população possa ter uma alimentação segura”, alertou.

Para contextualizar o que a Basf representa em termos de saúde pública, André Burino, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV-Fiocruz), explicou que o que une os movimentos na entrega dessa carta é a Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida, pois o Brasil é o maior consumidor de “venenos agrícolas” desde 2008.

“Seis grandes multinacionais do planeta dominam o mercado mundial de agrotóxicos e sementes transgênicas, e a Basf é uma delas. Reconhecemos o samba com a maior sinceridade, porque a gente vê muito pouco espaço na mídia para reconhecer esse agricultor. Entendemos as necessidades do que se tornou algo muito competitivo entre as escolas, mas a empresa vai querer tirar seu proveito para tentar criar uma imagem indireta de que a Basf combina com biodiversidade. Porque toda a escola virá representando a biodiversidade, só que o agrotóxico não combina com a biodiversidade. Óbvio que os patrocinadores vão tirar proveito disso”, criticou.

Não tem nada com mais visibilidade que o carnaval, uma festa grandiosa internacional, reconheceu a vice presidente da escola. Ela reforçou, no entanto, que há uma liberdade poética do artista para o tema em sua representação e a Vila não fará apologia à empresa. Ressaltou ainda outros trabalhos oferecidos pela Unidos de Vila Isabel à comunidade local na área social, cultural, odontológica, dentre outras, graças a outros patrocínios, como o da Petrobras e o do supermercado Extra.

A carta entregue pelos três integrantes da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida ressalta, dentre outras observações, que: “... a Vila Isabel está sendo usada pelo agronegócio brasileiro para promover sua imagem, manchada pelo veneno, pelo trabalho escravo, pelo desmatamento, pela contaminação das águas do país e por tantos outros problemas. O agronegócio, que não pinga uma “gota de suor na enxada”, nem “partilha, nem protege e muito menos abençoa a terra”, quer se apropriar da imagem dos camponeses e da agricultura familiar, retratada no samba enredo de 2013, para continuar lucrando às custas do envenenamento do povo brasileiro”.

quinta-feira, fevereiro 07, 2013