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quinta-feira, julho 03, 2014

Bem Mais Que Apenas Futebol - Brasil, O Centro do Mundo

Conversando com alguns amigos sobre como seria a Copa do Mundo era comum ouvir que o evento seria um caos, que a cidade pararia, que os aeroportos não funcionariam, o famoso #ImaginaNaCopa.

Sempre fui uma voz dissonante nesse sentido, sabia que de uma maneira ou de outra, a cidade funcionaria, esquemas especiais de funcionamento aconteceriam seja pelas férias escolares, seja pelo ponto facultativo, seja pelos feriados ou por tudo isso junto. Sempre disse também que o fluxo de turistas não seria tão grande, principalmente de europeus e em parte eu estava correto. Em relação aos europeus, eu estava correto, são mesmo a minoria, mas pra minha surpresa o Brasil foi invadido pelos latinoamericanos de um jeito impressionante. Chilenos, Argentinos, Mexicanos, Colombianos e Equatorianos invadiram e seguiram suas seleções pelas cidades sedes.

O vídeo a seguir exibe de forma muito clara os check-ins do Facebook em torno das 12 cidades-sede da Copa do Mundo feitos por pessoas que vivem fora do país a partir de 05 de junho a 16 de Junho. Cada arco representa as viagens de 20 pessoas com origem em sua cidade de moradia (em azul) para uma das cidades da Copa do Mundo (em vermelho). O tamanho dos círculos é proporcional ao número total de pessoas que já fizeram check-in em uma cidade-sede da Copa do Mundo.





segunda-feira, junho 30, 2014

Bem Mais Que Apenas Futebol - Tem coisas que só uma Copa do Mundo Faz por um País

Há quem diga que Organização das Nações Unidas (ONU) a entidade global que melhor representa a união dos povos e o espírito de integração dos países no pós-guerra. 

Porém uma outra entidade parece ao menos competir lado a lado com a ONU quando o assunto é representar e unir as nações ao redor do globo: a FIFA

Sim, a Fifa tem mais membros que a ONU: 209 filiados, contra 193.

Mas como uma entidade esportiva pode atrair mais países que um órgão político do calibre da ONU?

É que a Fifa é bem mais flexível na hora de aceitar novos membros: ela reconhece como "país" diversos territórios que, na verdade, não têm tal status político. 

Neste sentido, o esporte é usado como importante ferramenta de construção da identidade e valorização de uma nação. A história está repleta de episódios onde isso pôde ser observado com muita clareza, como por exemplo o título mundial Alemanha recém reunificada em 1990 ou a resistência dos ucranianos em torno do Dínamo frente a dominação Soviética.


Tem coisas que só uma Copa do Mundo faz por um país.
Jornalista da Costa Rica escrevendo sua matéria após a classificação 
de sua seleção às quartas de final da Copa do Mundo no Brasil.

UPDATE






Portanto, basta ter uma federação de futebol, um escudo e uma camisa para ser reconhecido, pelo menos esportivamente, uma nação.

Veja a seguir os 20 países que fazem parte da Fifa, mas não da ONU:

1. Aruba
Uma lha na costa da Venezuela, pertencente ao
império dos Países Baixos. Na FIFA desde 1988.
2. Guam
Uma pequena ilha norte-americana no Pacífico, 
na região da Micronésia. Na FIFA desde 1996

3. Anguillas
Pequenas ilhas na região do Caribe, pertencentes ao Império 
Britânico, com cerca de 15 mil habitantes. Na FIFA desde 1996.


4. Curaçao
A ilha próxima à costa da Venezuela, pertencente 
às antigas Antilhas Holandesas. Na FIFA desde 1932.

5. Hong Kong
Região administrativa especial da China,
 Hong Kong. Entrou na FIFA em 1954.

6. Ilhas Cayman 
Um arquipélago localizado  ao o sul de Cuba e pertencem
 ao Império Britânico. Integram a  FIFA desde 1992. 

7. Ilhas Virgens Britânicas
Arquipélago caribenho, pertencente 
ao Império Britânico. Na FIFA desde 1996.
8. Bermuda
A pequena ilha de Bermuda fica no Atlântico Norte e é
uma possessão britânica. Na FIFA desde 1962.



9. Ilhas Cook
No pacífico, associadas à Nova Zelândia de forma
 independente. Na FIFA desde 1994.



10. Ilhas Faroe
Pequenas ilhas pertencentes à Dinamarca e localizadas
entre a Islândia e  a Escócia. Na FIFA desde 1988.

11. Ilhas Virgens Americanas
Pequenas ilhas caribenhas, vizinhas de Porto Rico, 
pertencentes aos EUA. Na FIFA desde 1998. .

12. Macau
Antiga colônia portuguesa, atualmente região 
administrativa especial da China. Na FIFA desde 1978.

13. Montserrat
Território ultramarino inglês no 
Caribe. Na FIFA desde 1996.

14. Nova Caledônia
Arquipélago na Oceania, entre Nova Zelândia e 
Austrália, na FIFA desde 2004.

15. Palestina
Território reconhecido pela maioria dos membros da ONU, mas em disputa territorial com Israel
 (compreende região da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental). Na FIFA desde 1998.


16. Porto Rico
Território caribenho, em livre associação com os 
Estados Unidos. Na FIFA desde 1960.


17. Samoa Americana
Ilha localizada na Polinésia, dependência dos 
Estados Unidos. Na FIFA desde 1998

18. Taiti
Maior ilha da Polinésia Francesa, localizada
no Pacífico Sul. Na FIFA desde 1990.

19. China Taipei
Taipei Chinesa é nome dado à República da China - ou Formosa -, que controla 
territórios ultramarinos, sendo Taiwan o principal deles. Na FIFA desde 1954.


20. Turcas & Caícos
Território ultramarino britânico na região do Caribe, próximo
 a Haiti e República Dominicana. Na FIFA desde 1998.


sexta-feira, junho 27, 2014

Bem Mais Que Apenas Futebol - Eu Etiqueta



Há quem diga que o futebol romântico começou a morrer em 21 de junho de 1970 no estádio Asteca, ajoelhado no gramado, 30 segundos, cadar
ços afrouxados e amarrados.

Esse talvez tenha sido o primeiro grande golpe de marketing esportivo da história. Era a primeira final de Copa do Mundo transmitida ao vivo e a cores da história, um público de aproximadamente 200 milhões de pessoas e a PUMA já havia arquitetado junto com Pelé uma encenação que exporia sua marca como nunca antes ao custo de 25 mil dólares à vista e mais 100 mil por 4 anos de contrato além de 10%  sobre cada par de chuteiras vendidas. 

A FIFA notificou a marca Blue Man por
marketing na sunga de Neymar
LEIA AQUI
Existem rumores de que a versão real é a de que Pelé, que usava chuteiras Adidas, concorrente histórica da Puma, com medo de utilizar chuteiras novas justamente na partida mais importante do torneio e machucar seus pés, pintou o par já amaciado, escondendo as tradicionais 3 listras da Adidas e colocando por cima a faixa tradicional da Puma. O ato fica ainda mais saboroso quando se leva em conta a rivalidade entre as duas marcas. Dois irmãos, os alemães Rudolf e Adolf Dassler, abriram uma fábrica de sapatos na cidade de Herzogenaurach. Após uma briga feia, decidiram separar a empresa. Adolf fundou a Adidas – seu apelido era Adi. Rudolf criou a Puma. Os irmãos permaneceram brigados até o fim da vida e mesmo na morte. Eles foram enterrados em lugares distantes do mesmo cemitério.

Neymar é filho de Pelé


Nascidos no mesmo berço, jovens prodígios, camisas 10, Neymar segue de perto os passos e ao que parece as estratégias de marketing de Pelé.

Parecia um gesto distraído, sem propósito, um ato de teatro como deve ser uma eficiente peça de marketing. Ontem, no jogo contra o Atlético de Madri, pela Liga dos Campeões, Neymar levantou ao menos cinco vezes a camisa do Barcelona, deixando à mostra a cueca da marca Lupo, com a qual tem patrocínio. Quase sem querer. O short estava abaixado, e o logotipo estava bem à mostra. Todo mundo nega tudo. Neymar diz que não foi de propósito – até porque esse tipo de propaganda é proibido pela Fifa e pela Uefa. A marca diz que não pediu nada.



Essa história toda me fez lembrar do poema Eu etiqueta de Carlos Drummond de Andrade.

Eu Etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão
mim-mesmo,
ser pensante,
sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia, não de casa,
da vitrina me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo de outros
objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa,
coisamente.
Carlos Drummond de Andrade


terça-feira, junho 24, 2014

Bem Mais Que Apenas Futebol - Benzema e a Marsellesa

O melhor em campo na partida em que a França atropelou a Suíça, Karim Benzema perdeu um pênalti, fez dois gols (o segundo não valeu por que o juiz caprichosamente havia apitado o fim da partida), deu duas assistências — e não cantou o hino.

Não é um detalhe. Ele não estava nervoso e atrapalhado. Benzema não entoa a gloriosa “Marselhesa” jamais. “Não é porque eu canto que eu vou marcar três gols. Se eu não cantar a ‘Marselhesa’ e marcar três gols, não acho que no final do jogo alguém vai reclamar. Zidane, por exemplo, não cantava. E há outros. Eu não vejo isso como um problema”, disse ele.

Execução do hino francês na partida contra a Suíça

Benzema, como Zidane, seu ídolo e amigo, é filho de imigrantes argelinos e é muçulmano. O silêncio é um protesto a uma letra que fala: “Às armas, cidadãos/ formai vossos batalhões/ marchemos, marchemos! / Que um sangue impuro / banhe o nosso solo”. É duramente criticado por essa atitude. A Frente Nacional, de extrema direita, fundada por Jean Marie Le Pen, o chamou de mercenário desleal e pediu seu banimento. “Ele não vê problema nisso. Bem, o povo francês não veria nenhum problema se ele não estivesse mais no time”.

É uma falácia. Benzema, que também cravou dois contra Honduras na estreia, faz toda a diferença para a França, uma equipe majoritariamente de filhos de imigrantes. Além dele, o time tem Valbuena (descendente de espanhois), Cabaye (de vietnamitas), Matuidi (angolanos), Sagna (senegaleses), Varane (os pais são da Martinica).

Há três anos, o ex-técnico da seleção, Laurent Blanc, chegou a sugerir que se limitasse o número de atletas não-brancos. Blanc queria uma cota de 30% de descendentes de africanos na federação. Para sorte dos franceses, a ideia não foi adiante.

Na Espanha, Benzema costuma ser chamado de “vendedor de kebabs”. “Se marco gol, sou francês. Se não marco, sou árabe”, afirma. Karim Benzema e seus colegas são um problema, sem dúvida, mas para os adversários. 

Bem Mais Que Apenas Futebol - Carta de Lugano aos Uruguaios, a Identidade de um povo.

Daqui a poucas horas o Uruguai entra em campo para decidir seu futuro na Copa do Mundo frente contra a Itália e como bom capitão, Diego Lugano escreveu uma mensagem para o restante do grupo:


segunda-feira, junho 23, 2014

Bem Mais Que Apenas Futebol - Vai ao Itaquerão? Se liga na Onça!


Poster que exclui o o Acre

A Copa do Mundo é uma excelente ocasião para não só os gringos conhecerem, mas também nós redescobrirmos nosso próprio país. 

Não estou aqui para ser "o chato" e exigir precisão geográfica em um mapa turístico, mas a FIFA, que já havia lançado um poster com o contorno do território do Brasil excluindo o Acre (sim ele existe), me fez pensar um pouquinho... 

Se entendi bem, a onça tá rugindo pertinho de Itaquerão, cajus abundam na Floresta Amazônica,  a capoeira é típica do sertão nordestino, bem pra lá do São Francisco. OPA! A Jules Rimet sumida, que pensavam ter sido derretida, está entocada lá pelas bandas do Pantanal. 


Adaptado do post do Prof Hélion Póvoa