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segunda-feira, fevereiro 04, 2013

Crise econômica e degradação ambiental de mãos dadas...

Adaptado do Blog Planeta Urgente

Como a pobreza imposta à Grécia degrada o ambiente


Tarifas de serviços públicos são agora tão caras para as famílias gregas
 que algumas passaram a usar lenha para se manter aquecidas. O resultado é
uma estranha névoa de fumaça que paira sobre a cidade.

Programas de austeridade do neoliberalismo estão provocando o sofrimento de milhões de pessoas, que respondem pelo comportamento leviano do setor financeiro, avalizado pelo sistema. A Grécia está sendo particularmente atingida. Os níveis de poluição do ar caíram em 40% desde 2008, mas isto não é algo para comemorar. Não é um resultado de políticas eficientes, e sim da recessão.

Alguns ambientalistas consideram o fato um ganho. Mas o que está acontecendo no país é um aumento maciço do smog, ou um nevoeiro contaminado por fuligem. O problema é sério em cidades importantes como Atenas e Salonica, mas vem sendo relatado em todo lugar, incluindo Ática e o Peloponeso. E não se trata do smog  verificado em dias quentes em cidades do mundo desenvolvido, com seus carros.

É uma forma mais rude, uma volta no tempo. O povo está queimando lenha como combustível doméstico, o que lembra a Londres de muitas décadas atrás. Em Londres, a média de matéria particulada no ar caiu de cerca de 160 microgramas por metro cúbico para menos de 20 entre 1961 a 1998. Na Grécia, os níveis alcançam hoje 300 microgramas, o que é considerado perigoso para a saúde humana pela Organização Mundial de Saúde.

Os efeitos são perversos, como comentou o analista grego Nikos Konstandaras : “Esta nova praga parece ser democrática, no centro e no subúrbio, sobre ricos e pobres, jovens e velhos, nativos e imigrantes… Mas o verniz da universalidade é fino: mais uma vez são os pobres que sofrem mais. Vivem em terras mais baixas, onde as toxinas se juntam, são forçados a queimar o que encontrarem… Não têm recursos de mandar membros vulneráveis da família para o campo.”

O governo grego estima que 13 mil toneladas de madeira foram cortadas ilegalmente no ano passado. O país retorna ao ponto mais baixo da chamada curva de Kuznetz. O economista teorizou que quando uma civilização começa a usar seus recursos naturais, ela aumenta seu impacto sobre o ambiente até um ponto em que a economia se torna mais eficiente e reduz este impacto. Acontece nos países mais ricos. Mas não na Grécia.

O país ficou nas mãos da política de austeridade européia quando descobriu, logo depois da crise global financeira, que não poderia pagar sua dívida. Em troca de capital para salvar a situação, a Grécia concordou em cortar seu deficit. E os impostos subiram – sobre a renda, a propriedade e energia. Combinadas ao custo mais alto do petróleo, estas altas elevaram os custos de aquecimento em mais de 40% no começo do mês mais frio no país, janeiro.

O desemprego grego é o mais alto do mundo desenvolvido, comenta The Atlantic. O PIB do país passa por sua pior contração em tempos de paz de qualquer país não-comunista desde o século 19.

“A atmosfera nunca foi pior”, diz Marianna Filipopoulou, uma antropóloga que viveu em Atenas por quatro anos. “Esta cada vez mais difícil de respirar. Mesmo nossos olhos dóem por causa do smog.” Ela diz que a culpa não é das famílias, mas da circunstância deplorável delas. “Nã há outro jeito, dada a escassez de dinheiro.”

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